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    sábado, 15 de junho de 2013

    Entre balas e fumaça, a minha opinião.

    Depois de dois anos e meio sem postar aqui, entrei no porão e abri o blog de novo.

    Posso não ser o maior cientista político que você já viu. Nunca me envolvi em partidos, passeatas e nem com camiseta de prefeito eu durmo. Mas confesso que os últimos acontecimentos têm me feito refletir sobre muita coisa. Talvez por estar no olho do furacão, moro há 2 quadras da Avenida Paulista e nessa semana vi gente gritando e fazendo barulho por uma causa que não a gay. Ou a evangélica. Ou a de meia dúzia de maconheiros.

    Vi gente pintando faixa e se juntando, deixando a Hashtag de lado. Claro que uma boa parte apenas para fazer parte de algo, sem ter certeza do porque de estar ali. Claro que há excesso de todas as partes. Da polícia, do manifestante, do governo, da imprensa… Claro.

    Mas o que me pegou foi o "Core" da coisa. A idéia de que o aumento da passagem foi apenas a gota d'água. Imaginei o povo como um gordo sofrendo bullying dia após dia na escola. Quieto, passivo, chorando em casa escondido dos pais pra não levar bronca e passar vergonha. Já fizeram de tudo com esse gordo, chutaram, xingaram, cuspiram, ele sempre em seu canto. Mas um cutucão errado na hora certa o fez explodir e ir com sua banha toda pra cima dos valentões, num ataque quase irracional.

    Seja por 20 centavos, seja por isso, seja por aquilo, o importante é que estão prestando atenção, o negócio está crescendo. Cabe agora saber pra onde direcionar esse vigor todo.

    A Arnaldo Jabor em crítica às manifestações, replicando a idéia de muita gente, disse "A grande maioria dos manifestantes são filhos de classe média, ali não haviam pobres que precisassem daqueles vinténs não…" - Espera, então, só se deve protestar quando o problema atinge o indivíduo? "Se não é comigo, que se foda"?

    Acredito que este seja o maior motivo para estarmos onde estamos. O governo governa pra si. Gays legislam para gays, evangélicos para evangélicos, pobres para pobres e por aí vai. Cada um defende o seu.

    Brasileiro deveria viver no limite. Cada coisinha errada deveria ser motivo pra barulho, até que o inimigo se canse e não veja mais vantagem no custo X benefício de ser filho da puta.

    Termino com um clichê que adoro, já repetido infinitas vezes:

    "Um povo não deve temer seu governo. o governo é que deve temer o seu povo." - V de Vingança.

    segunda-feira, 4 de outubro de 2010

    Garçom na Festa da Democracia

    Me sinto muito honrado, fui selecionado dentre milhares de pessoas para exercer um trabalho digno e prazeroso. Mentira, fui convocado a ser mesário nas eleições.


    Me disseram que eu seria o "Garçom na Festa da Democracia". Seria bom se nessa festa não servissem apenas merda.


    O problema é que tenho nojo das eleições no nosso país, me senti como um vegetariano trabalhando no McDonald's. A diferença é que pelo menos no McDonald's as opções parecem bonitas nas fotos. Mas tanto na lanchonete quanto na zona eleitoral, não importa qual seja a escolha das pessoas, de alguma forma vai fazer mal a elas.


    Me dá náuseas uma democracia que me obriga a trabalhar de graça para eleger ladrões, gente sem escrúpulo, ou pior, o Tiririca.

    Passar o dia auxiliando pessoas a fazer as escolhas erradas não é nem um pouco divertido. Não que eu soubesse em quem votavam, mas se no cardápio só tem bucho, não fica difícil adivinhar.


    Uma senhora me perguntou se eu sabia o número do candidato Netinho D'Paula, respondi "171". As pessoas esquecem em quem vão votar, e na hora pedem ajuda aos mesários, mas eles não podem dizer nada, apenas recomendam a "colinha".


    Um senhor perguntou se não tinha problema entrar na cabine eleitoral com a cola, eu disse que tudo bem. Me surpreendi quando vi que ele estava cheirando cola de sapateiro na frente da urna. Ele disse que era pra encarar a Dilma.


    Tem gente que entrava na cabine, e em poucos segundos já tinha votado, mas tinha gente que demorava um tempão. Deviam estar com o intestino preso, demoravam na hora de fazer a cagada. Um senhor demorou uns 5 minutos, fiquei com medo de ele estar se masturbando vendo a foto da mulher pêra. Aliás, a mulher pêra foi acusada de crime eleitoral. Estava fazendo boquete de urna.


    Tinha gente que levava criança de colo na hora de votar, não recomendo. A foto do Serra traumatizou 4 criancinhas.

    Me falaram que no final seria bacana, eu conheceria gente nova, faria amigos. Eu nunca vi alguém falando que ia no "Churrasco dos Mesários", ou ia viajar pra Praia Grande com a galera da Zona Eleitoral...


    Enfim, no final, um delegado entrou na sala e agradeceu a todos os "Voluntários" que tornaram possível a eleição. Voluntário, eu? Claro que não! Se eu pudesse, passaria longe! Mas se não fosse, poderia até ser preso! Voluntário nada, eu fui obrigado, e o cara me agradecendo. É como um estuprador agradecendo sua vítima depois de forçá-la a fazer o que não queria.


    Ouvi dizer que a maldição do mesário dura alguns anos, então devo continuar com isso por um bom tempo. De fato, preferia ter pego sífilis. Pelo menos eu teria contraído ao foder alguém, e não o contrário.

    segunda-feira, 19 de julho de 2010

    Figurino de um presunto

    Não sou de usar terno, posso contar nos dedos as vezes que usei. Gravata então, menos ainda. Então por quê eu deveria ser enterrado de terno e gravata? As poucas vezes que me vesti assim foram pra situações que me deixavam nervoso, como entrevistas de emprego. Já na ocasião em questão, o que eu menos teria na cabeça seriam preocupações.


    Não combina comigo, não é minha personalidade. Gosto de me vestir sem me preocupar demais, nunca fui de me arrumar muito, e acharia uma injustiça alguém se aproveitar de uma situação onde eu não possa discordar pra me vestir de um jeito que eu não gosto. Isso soa coisa da minha mãe, que quando podia, me vestia como bem entendesse, já que eu não podia fazer nada.


    Se você está lendo isso, e algum dia for convidado ao meu velório, leve esse texto ao responsável pelo figurino e me poupe desse constrangimento final. Digo, sempre fui despojado, despreocupado (leia-se "largado"). Não quero que me vejam pela última vez vestido como um vereador. Um tênis bonito, mas não muito limpo, uma calça jeans e no máximo uma camisa já devem bastar.


    E flores? O que dizer das flores? Ninguém NUNCA me deu flores, e não estou reclamando, pra quê eu vou querer flores? Não gosto do cheiro delas, nem da aparência presunçosa. Então não me venha com flores também. Não quero, nenhuma. Não.


    Se até lá eu tiver escrito um livro, leiam algumas partes dele de púlpito, no microfone. Se for um livro escrachado, com piadas de mau gosto e coisas do tipo, tudo bem. Não vou me sentir ofendido. Uma porque estou morto, e outra porque fui eu mesmo quem escreveu.


    Não rezem pela minha alma também, isso é tolice. A minha já foi, não adianta mais. Ao invés disso, lembrem das besteiras que eu sempre dizia, e tenha certeza que, se você é meu amigo, eu não pouparia esforços para em seu velório lembrar das bobagens que você dizia, e assim deixar um pouco mais viva a sua memória entre os que aqui ficaram.

    segunda-feira, 10 de maio de 2010

    Ovnis, ETs e um povinho estúpido












    Há muito tempo o homem olha para o céu procurando respostas. Não estou falando de Deus, mas de algo diferente. Estamos sozinhos nesse universo imenso? Será que existe vida inteligente além de nós? Ou melhor, será que existe vida inteligente, afinal?


    Há muito com o que se preocupar no nosso planetinha, mas gente com a cabeça no espaço fica procurando coisa lá fora.


    Existe o grupo que adoraria que os ETs nos visitassem, dividissem seus conhecimentos com a gente numa boa, e depois fossem embora nos deixando muito felizes. Ao meu ver, isso soa lindo, mas utópico e ilusório. Para seres de outro planeta conseguirem chegar até aqui, teriam de ser muito evoluídos tecnologicamente, seriam muito superiores a nós. Seriam tão mais inteligentes, que ao meu ver, não conseguiríamos sequer nos comunicar com eles.

    Seria algo como comparar uma civilização humana com uma colônia de cupins, onde nós seríamos os cupins.


    Mas existe o outro grupo, que prefere que eles passem batido e não parem por aqui nem pra curtir um fim de semana na Disney, e eu me incluo neste grupo. Aliás, eu imagino que se eles forem mesmo inteligentes, o último lugar que escolheriam para uma visita é aqui. Se viessem, voltariam para seu planeta com gripe do porco, micose, dengue, seriam assaltados e seus filhos aprenderiam palavrão e seriam assediados por algum padre.


    Acho que a gente anda muito pretensioso achando que merece uma visita de seres de fora. Nossa casa está uma bagunça enorme, sujeira por todo lado!


    Quem em sã conciência quer receber visitas enquanto sua casa está nessas condições? Se eles viessem, no mínimo, passaríamos vergonha.

    terça-feira, 30 de março de 2010

    A hora da hipocrisia


    Muito se fala sobre o planeta. Sobre o aquecimento, sobre a água, sobre os pandas. Desculpe a honestidade, mas eu acho que viveria bem sem os pandas, não fariam muita falta no meu dia-a-dia. Muita gente bem intencionada, muita matraca que não sabe do que fala, e em meio a tudo isso, muita hipocrisia.


    No último sábado tivemos a "Hora do Planeta", um momento em que todos devem pensar no que andam fazendo com o meio-ambiente e apagar as luzes de suas casas por uma hora. Penso: Apagar a luz por uma hora vai resolver como o problema do aquecimento global? Seria como deixar de cagar por um dia na esperança de despoluir o Rio Tietê.


    Aí vem você e me fala " Patrick, seu ignorante, apagar as luzes não vai salvar o planeta, mas é um gesto, um símbolo de que você se importa com isso tudo" . Ok, muito bem. Mas quantos apagaram as suas luzes solenemente, e em seguida entraram em suas Hilux 4x4 que consome 12 litros de gasolina por Km rodado e que a cada acelerada matam 12 tucanos na Amazônia?


    Acho que o papo ecológico é muito bonito e comovente, mas nunca vai funcionar no planeta em que vivemos hoje. O nosso estilo consumista e predatório não permite espaço para esse tipo de pensamento, infelizmente.


    E pra falar a verdade, acho que nossa postura hipócrita e despreocupada é o que vai salvar o planeta, afinal. Em breve este lugar não suportará mais a nossa existência, e logo seremos despejados de casa. Digo, por quanto tempo você deixaria um inquilino que destrói tudo o que toca morando em sua casa? Como disse George Carlin (clique), referência pra mim na questão "Salve o Planeta" : " The planet is fine. The PEOPLE are fucked."


    Agradecimento aos ilustradores: @hellvz e @caldaratty, ficou uma bosta, mas tá valendo.



    sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

    O Carnaval, por um não carnavalesco.

    Passei o carnaval em Recife, famosa por suas folias e praias, e em um dos dias fui conferir de perto o carnaval de Olinda. Confesso que não sou um cara de carnavais, mas fui por curiosidade. Se quisesse ficar em um aglomerado de gente vestindo roupas estranhas subindo e descendo ladeiras, teria ficado em São Paulo e iria pra 25 de março, mas lá estava eu.


    É curioso ver como as pessoas se entregam à folia, parece um fenômeno paranormal que toma conta de todos. Tudo é permitido. Um respeitado pai de família pode tranquilamente sair na rua usando fraldas e chupando uma chupeta, e não há nada demais nisso. Não há sono, não há cansaço e nem fadiga. Mas há empenho, suor e paixão envolvidos em tudo. Impressiona ver o que o povo pode fazer quando se une por um objetivo. Não estou falando de bonecos gigantes descendo a ladeira, mas sim de um evento capaz de chamar a atenção de um país inteiro.


    Era possível identificar turistas gringos e gente de toda parte do país ali, um misto de sotaques, tons de pele e costumes, e a ordem era festejar. Mas o que mais choca é a prioridade dada a isso tudo. O Brasil é o país da desigualdade, todos sabem, e não há motivo para eu me alongar nesse ponto, mas se houvesse esse mesmo empenho para mudar a sua situação de miséria e passividade, as coisas poderiam ser diferentes.


    Gente que impulsiona o maior evento do país, empurra carros alegóricos e esfola as mãos confeccionando fantasias é capaz de muito mais. A paixão está na direção errada, e o velho "Pão e Circo'' é dado ao povo pelo próprio povo para se iludir e não olhar para as necessidades reais de mudança e esforço.

    Não vim aqui dizer que o povo não deve festejar e ser feliz. Se mostrar a bunda na avenida é, irrevogávelmente, a nossa cultura, que assim seja.


    Mas se um dia percebêssemos o potencial que temos quando nos unimos, muita gente que está lá em cima comendo caviar iria sujar as calças de medo.

    Sou só mais um falando o que muitos já falaram, e minhas palavras facilmente são abafadas pelos tamborins e repiques, mas prefiro mostrar a minha opinião, ainda que "clichê" e careta.


    O carnaval é como uma Fênix, sempre acaba em cinzas mas logo retorna cheio de plumas novas, e enquanto eu falo besteira, já tem gente preocupada nos barracões das escolas de samba, cuidando pra que isso aconteça.

    sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

    Mercadinho da treta














    Desde pequeno sempre fui um negociador. Na rua onde morava quando pequeno, funcionava um mercado informal, uma espécie de mercado de escambo, onde todos trocavam os mais variados ítens entre si. Detalhe: Participavam apenas crianças, sempre escondidas de seus pais.


    Não raro, aparecia uma mãe na porta da casa de alguém pedindo de volta as botas ortopédicas que seu filho havia dado em troca de um cavaleiro do zodíaco, ou o abajur trocado por uma mesa de futebol de botão. Era o troca-troca no real sentido da palavra. Não entenda mal, não cheguei a trocar o sexo.


    E foi assim que me criei, sempre negociando. Mas entre os negociantes mirins, havia uma figura com quem todos queriam negociar: O Pitoco. Era sem dúvida alguma o pior negociante de todo o bairro, para não dizer da cidade. Hoje deve estar comprando ações do Mappim. Os outros garotos faziam fila no portão da casa dele pra ver o que conseguiam estorquir do coitado. Me lembro de uma vez que consegui trocar 2 tartarugas (sim, tartarugas) por uma coleção de quadrinhos que valia uma nota.


    Era muito engraçado acompanhar a trajetória das coisas. Um boné que era seu há 2 anos estava na cabeça de um cara que você mal conhecia, e depois de alguns meses, estava na sua cabeça denovo. As coisas iam e vinham, e nós tinhamos um mundo de negócios só nosso, negócios que só podiam ser desfeitos a mando dos pais de uma das partes. Essa história de querer negociar tudo já me fez entrar pelo cano, clique AQUI e veja.


    Curioso pensar que pessoas de 12, 14 anos já tinham noções avançadas do que era lucro e prejuízo, e adotavam técnicas aperfeiçoadas para se dar bem no trambique.


    Era a arte da mutreta, o poder da esperteza sobre a inteligência.


    Colaboração do @caldaratty com a iustração.