Passei o carnaval em Recife, famosa por suas folias e praias, e em um dos dias fui conferir de perto o carnaval de Olinda. Confesso que não sou um cara de carnavais, mas fui por curiosidade. Se quisesse ficar em um aglomerado de gente vestindo roupas estranhas subindo e descendo ladeiras, teria ficado em São Paulo e iria pra 25 de março, mas lá estava eu.
É curioso ver como as pessoas se entregam à folia, parece um fenômeno paranormal que toma conta de todos. Tudo é permitido. Um respeitado pai de família pode tranquilamente sair na rua usando fraldas e chupando uma chupeta, e não há nada demais nisso. Não há sono, não há cansaço e nem fadiga. Mas há empenho, suor e paixão envolvidos em tudo. Impressiona ver o que o povo pode fazer quando se une por um objetivo. Não estou falando de bonecos gigantes descendo a ladeira, mas sim de um evento capaz de chamar a atenção de um país inteiro.
Era possível identificar turistas gringos e gente de toda parte do país ali, um misto de sotaques, tons de pele e costumes, e a ordem era festejar. Mas o que mais choca é a prioridade dada a isso tudo. O Brasil é o país da desigualdade, todos sabem, e não há motivo para eu me alongar nesse ponto, mas se houvesse esse mesmo empenho para mudar a sua situação de miséria e passividade, as coisas poderiam ser diferentes.
Gente que impulsiona o maior evento do país, empurra carros alegóricos e esfola as mãos confeccionando fantasias é capaz de muito mais. A paixão está na direção errada, e o velho "Pão e Circo'' é dado ao povo pelo próprio povo para se iludir e não olhar para as necessidades reais de mudança e esforço.
Não vim aqui dizer que o povo não deve festejar e ser feliz. Se mostrar a bunda na avenida é, irrevogávelmente, a nossa cultura, que assim seja.
Mas se um dia percebêssemos o potencial que temos quando nos unimos, muita gente que está lá em cima comendo caviar iria sujar as calças de medo.
Sou só mais um falando o que muitos já falaram, e minhas palavras facilmente são abafadas pelos tamborins e repiques, mas prefiro mostrar a minha opinião, ainda que "clichê" e careta.
O carnaval é como uma Fênix, sempre acaba em cinzas mas logo retorna cheio de plumas novas, e enquanto eu falo besteira, já tem gente preocupada nos barracões das escolas de samba, cuidando pra que isso aconteça.
No final, as pessoas que mais precisam de ajuda não querem se ajudar, estão "contentes" com suas situações. Se pelo menos 50% dessa massa lesse esse texto e o entendesse, muita coisa mudaria.
ResponderExcluirMas no final, só sabem tapar seus olhos com seu pão e circo.
Bom texto, garoto
Patrick Maia, o profeta de revolução. O Antônio Conselheiro desta geração.
ResponderExcluirLutarei em seu exército.