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    segunda-feira, 19 de julho de 2010

    Figurino de um presunto

    Não sou de usar terno, posso contar nos dedos as vezes que usei. Gravata então, menos ainda. Então por quê eu deveria ser enterrado de terno e gravata? As poucas vezes que me vesti assim foram pra situações que me deixavam nervoso, como entrevistas de emprego. Já na ocasião em questão, o que eu menos teria na cabeça seriam preocupações.


    Não combina comigo, não é minha personalidade. Gosto de me vestir sem me preocupar demais, nunca fui de me arrumar muito, e acharia uma injustiça alguém se aproveitar de uma situação onde eu não possa discordar pra me vestir de um jeito que eu não gosto. Isso soa coisa da minha mãe, que quando podia, me vestia como bem entendesse, já que eu não podia fazer nada.


    Se você está lendo isso, e algum dia for convidado ao meu velório, leve esse texto ao responsável pelo figurino e me poupe desse constrangimento final. Digo, sempre fui despojado, despreocupado (leia-se "largado"). Não quero que me vejam pela última vez vestido como um vereador. Um tênis bonito, mas não muito limpo, uma calça jeans e no máximo uma camisa já devem bastar.


    E flores? O que dizer das flores? Ninguém NUNCA me deu flores, e não estou reclamando, pra quê eu vou querer flores? Não gosto do cheiro delas, nem da aparência presunçosa. Então não me venha com flores também. Não quero, nenhuma. Não.


    Se até lá eu tiver escrito um livro, leiam algumas partes dele de púlpito, no microfone. Se for um livro escrachado, com piadas de mau gosto e coisas do tipo, tudo bem. Não vou me sentir ofendido. Uma porque estou morto, e outra porque fui eu mesmo quem escreveu.


    Não rezem pela minha alma também, isso é tolice. A minha já foi, não adianta mais. Ao invés disso, lembrem das besteiras que eu sempre dizia, e tenha certeza que, se você é meu amigo, eu não pouparia esforços para em seu velório lembrar das bobagens que você dizia, e assim deixar um pouco mais viva a sua memória entre os que aqui ficaram.